terça-feira, 30 de agosto de 2016

problemática idiota cotidiana

Olho pras horas, mas elas não olham de volta,
não há correspondência entre a gente,
só um apego meu por esse tempo todo,
e o tempo se passa só, e me larga sem nem contar os segundos.

Eu rezo para ter paz, mas a paz não me tem,
me nega, eficaz.
Faz birra, e não vem.
Nem olha pra trás, só deixar eu sentir, de leve, o cheiro que ela tem.

Apocalípticamente, eu me debruço sobre minha vida, [acontece]
apertando os nós, ao invés de desatar,
e da lembrança mais bonita que eu trago, há a mística de me entregar a escuridão 
                                                              [ da pior e mais estranha interpretação ]

A vida, singela e esguia, é um descender entre essas coisas,
lavadas cores, loucas!
Papeis de carta amassados, desabafos, cheiro no meio das roupas.
Usadas.
       [para não se sentir só];
Amanhã pode chegar tranquilo e amém.
   do agrado do que for de ser, também.
Seja lá o que chegar, 
sempre foi o espelho de tudo que eu tenho a dar, 
                                                                         [ mas eu dei?]


auto-sádica.

Eu, sangrando e entre risos, me alimento de abismos,
o caos que me parte, e vaga silenciado.
A alegria mofada, já louca, sufocada no próprio cheiro, se inebria para ser sóbria.

Eu conto as pedras do calçamento de cimento na rua da minha casa,
enquanto deixo que caiam as folhas das árvores
                                          [ e algumas lágrimas dos olhos ].
Não sei como frear essa dor, angústia, falência de alma. C a l m a.
Vai dar certo, eles dizem que vai,
se estão sempre certos, e eu me visto de equívocos todos os dias,
não preciso gastar palavras.

Palavra da salvação.

De quem?
            [existe alguma forma de viver que eu possa, enfim, não ser eu e fazer tudo como eu não faria?]

Não existe escolha para os tortos, nem pros mortos.
A vida [ou morte] que nos aceite e nos adote.

Me mutilando entre aceitação e medo, é como um afogar que, de leve, pede arrego e consegue um pouco de ar, dizendo: - Não se trucide.
Lucidez maledicente, teimosa e inequívoca.

Mas depois as mil mãos puxam meu olhar pra baixo,
voltando a contar ladrilhos,
lavados por uma alma partida,
esquisita. Inaceitável?

Falível, falida, fraquejada e fadada.
                                         [p o r  q u e ? ]

Eis-me aqui, a decantar-me. Eis-me então, a morrer. De rir;