quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Metastático

       -pedaços do que era você estão soltos,
        por hoje, não fazem sentido, afinal.
                           Peças suas, correndo vivas,
                           sem encontro, sem foco.
Cada parte, corroendo centímetros precisos de mim.
                                                                         Até o fim.

segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Falha

Sentimento forte é uma falha nos neurônios,
que um dia juraram não voltar atrás.
Erro de programação num sistema quase perfeito.
Perfeito se fosse todo sentimento, ou de razão?

Já está tarde, e tudo é complicado o bastante para render mil noites em claro,
pensando. Refletindo. Relevando e claro, lacrimejando, de leve. (não).

coragem, abrir assim o coração até parar de sangrar. Esvaziar toda essa equação sem + nem -, e nem com resultado exato final, nas alternativas a seguir.

Patológico

Os dias passam e eu nem percebo,
minha calma é mero placebo
para eu mesma olhar no espelho, e jurar:
calma.
Eu me perco de mim mesma quase o tempo todo,
bem, só nessas ultimas semanas.
Minhas moedas eu jogo fora, e depois as ainda busco.
Me sinto sem tempo, sem calma, sem alma... sem chão.
O vento voa, e leva rápido o minuto de distração.

Me irrito, eu grito, eu minto. Teatral.
Aprendi nesses últimos tempos,
a mentira é tão válida.
Me arrependi nesta ultima hora, de ter diagnosticado isto em mim.
Me encaro, me esbarro e mesmo assim não me encontro.
Quero uma noite inteira de sono.

Pego o papel, vou escrever. No meio da frase,
pego o marca-texto e sinalizo o livro inteiro.
Os segundos estão tão crueis comigo.

E pensa que eu me abalo? Que isso!
Continuo no mesmo ritmo, sem ardor.
Mesmo me queimando por dentro,
por fora, oras... É como se estivesse tudo normal.

Mas no final, minha olheira roxa se mostra tão fiel,
que é impossível mentir.

Patino a dor, esperança de no ultimo minuto dar certo.
Mal que me faz. Grande mal.

terça-feira, 22 de novembro de 2011

Progresso

Gente pobre, terra seca,
e veio o aço, veio o ferro.
Chegaram os tijolos, e o cimento,
mistura na água, no Sol de novembro,
vai moço, carrega a carroça, cheia de gente.
Para subir os andares do edifício.
passa a massa, sobe a parede,
não tem espaço, falta espaço.
Derrube as árvores, joguem no rio aquele resto,
o lixo todo.
Pregos, parafusos enchem as mãos.
Tac, tac, tac.
Nada pode impedir a construção,
derruba, cai. Fora. Aqui não!
Nada que não seja de metal, fora.
Asfalto no chão.
Falta muito não. Chama o José e o João.
Concreto, concreto. Prédios, placas, ruas e vias.
Fumaça, chaminé, sujeira. Que beleza!
Ah, já tá quase tudo acabado,
laborado.
Findado.
E a gente amarela toda? Manda embora, cair fora.
Que venha o progresso.
Luz de mentira, coração de ferro.

domingo, 13 de novembro de 2011

paranoia

Odeio o jeito que paranoia fica sem o acento. 

E vejo essa palavra em todos os lugares, 
sem o ''ó''. E vou achando tudo feio.
O texto inteiro. Nem leio direito [pecado].



quinta-feira, 10 de novembro de 2011

Café

Uma tarde dessas aí que passou,
sentei num bistrô,
pedi um café. Pra dois.
Perdi a minha fé,
a esqueci em algum lugar,
faz algum tempo.
Fiquei sentado olhando,
na igreja daquela praça o povo orar.
O povo rezar o terço.
Vendo a minha mente virando do avesso.
Lembrando do seu atraso,
lembrando do nosso caso,
e das coisas que eu menti para você.
Quando vou te contar?
Deixa pra lá, deixa pra lá.
Talvez você nem venha.
Talvez o seu café esfrie.
Já era o quinto badalar do sino.
Enquanto eu me perdi na procissão, tentando achar o caminho fora da multidão,
no meio daquela toda fé, deixei o seu café, o seu café.
Lá, na mesa. Esfriando.

segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Lugar estranho

Andei, andei e andei, nessa terra de gigantes,
por ser tão pequeno, sou pó,
nessa massa enclausurante.

Sempre ao me olhar no espelho,
me via imenso, me via como deveria ver.

Só por quê tem tanta classe, só porque tem tanta cor,
Só por que nossas opiniões não batem,
Não justifica segregar as flores do mesmo jardim.
Podemos crescer juntos sem sermos afins.
Não adianta apontar seus erros, sem primeiro olhar pra mim.

domingo, 6 de novembro de 2011

Blá, blá, blá sentimental.

Busquei amar e ser amado, quis um dia ser feliz.
Eu sozinho quis. Ela não.
Não quis meu amor.
Talvez eu a amasse demais.
Talvez não.
Talvez eu soubesse desse trágico fim,
mas, por amar tanto a solidão e a dor do ser desprezado,
quis gostar, pelo mero fato,
de com certeza ser abandonado.
Eu sabia [inconsciente] que a lâmina me rasgaria.
E me aproximei. Busquei ser dilacerado.
Para valorizar a minha dor.
Todas essas histórias são lenha, que queimam.
Incendeiam a meu tão sôfrego mar.

A fuga;

Por um momento, 
A pele crua, nua e fria; 
Abrasa o chão.
Esquenta o corpo.
Uma trégua para a solidão.

Eu preciso do seu corpo.
Eu preciso dos seus erros.
Eu preciso acordar amanhã, e ainda te querer.
Pra esquecer. Te perceber.



quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Novembro

O dia é tão escuro quanto a noite. A noite é tão confusa quanto a escuridão.
Mas isto acontece só no meu coração.
Pros outros ainda existe o sol.
                          [Pros outros ainda há vida. Ainda.
A chuva cai, molha meu rosto, minha voz, meu corpo, meu lugar sombrio.
                         [E não molhou o chão. Por que não?
Os raios iluminam os meus pensamentos tensos; memórias de novembro [de dezembro, do ano inteiro]
Que eu ainda me lembro, que eu ainda faço questão de
                                                                     Esquecer.
                                                                    E lembrar.
                            E é difícil fugir quando ainda se quer ser pego.