quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

Cegueira

Sentei-me em um banco branco, num jardim todo verde. Sem flor.
Estava sob a sombra de uma árvore, e me recordei de todo acontecido até aquelas 17:00 horas.
De tanta mentira, de tanta humilhação alheia, de ter de assistir e calar.
Se eu falasse, o pobre escravo, me apedrejaria.
De ver o amor se desfazer, como um pingo de tinta no mar.
Faltasse o amor de vez em quando, ainda havia jeito. O problema, é sua total ausência. E este é o caso.
Todo mundo ainda sorri, com seus vestidos e calças sujos de graxa, e ai?
Ninguém morreu mesmo, pra que se preocupar?
Em matar, em matar, em matar por dentro.
Os outros. Ou, a mim. Minha alma, que é sensível a tudo.
Não consigo sentar em uma cadeira de boa madeira, e me servir de
vinho italiano em plena guerra, em pleno front de batalha.
É me esfarelar por dentro. Dói.
Ai me julgam como a única anormal, estranha. Maluca.
Mas eu me vejo como a pessoa que ainda vê.
Que ainda se importa em dizer, e fechar a cara para o mal comportamento.
Mas paro um pouco com todo esse debate mental,
que me faço todo dia, e... me vem à cabeça que nada vai mudar mesmo.
Está começando a mutação?
Olho fixadamente para o sol, esperando que de repente ele me cegue.
Talvez, eu seja feliz, afinal.
Plano mal feito. Me levantei e sai do verdejal.
Fui embora com meu mundo, pesando sobre as costas.