sábado, 9 de fevereiro de 2013

A caverna

Queria poder dizer que isso é normal. Que passará.
Mas o passado passa vagamente pelos seus olhos,
mesmo estando fechados. É o que você quer.
E ainda assim, reluta em dizer que não.
É tudo feito de pedra, de entulhos e restos.
Uma muralha pra se proteger da solidão.
Nada aí é real, no coração.

O sol não entra na sua vida,
por que você tampou a sua caverna.
Se escondeu, fugiu. Tão covarde quanto és.
Eu já sabia que ia ser assim.
O medroso diz que não sente medo por que vive nele.
É o próprio medo conjugado várias vezes.

Suma de si, do conceito que se colocou.
Você não é nada e ninguém ao mesmo tempo.
Você é tudo o que não diz. O que diz é faz-de-conta.
Para fugir.

Mas não sai da caverna. É a caverna, é o medo.
O passado te assombra todos os dias, e a fuga te consome.
Fugir não é tipo de vida.
É um jeito de não vive-la.

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